segunda-feira, 23 de maio de 2011

Impressões de uma múmia paralítica sobre a bicicletada ZL de maio

Explicação: O texto a seguir trata-se das impressões do meu namorado sobre a 1ª bicicletada que ele foi, como eu não ia e ele convidou um amigo que não tem bike, gentilmente cedi o Clodoaldo a ele (com uma lista de recomendações, é claro!). O tema da bicicletada era "Bicicletada do Terror", pois foi numa sexta-feira 13 e o Fa foi fantasiado de múmia!
Ele escreveu o pequeno e singelo texto abaixo porque eu queria saber o que ele sentiu e pra registrar o primeiro passeio no asfalto do Clo! Antes disso o Clodoaldo só tinha andado 1 vez na travessa que liga minha rua a Avenida, logo a ciclovia, pois eu ainda não sei andar na rua e morro de medo.
Enfim, ai vai, espero que gostem:

Olá a todos, aqui quem fala é o Fabricio, ciclista urbano ocasional, ou ainda, o doidão vestido de múmia.
Gostaria de registrar aqui minha opinião sobre aquela fria sexta-feira treze, com a intenção de melhores bicicletadas no futuro. O movimento é por essência sem líderes, portanto sei que alguns seguirão as sugestões e outros não. Acho um barato ser assim.
O Clodoaldo é a bicicleta de minha namorada que peguei emprestado para ir ao evento, e eu diria que foi um momento decisivo de sua curta vida de bike. Descobrimos alguns problemas com a caixa de direção e o alinhamento das rodas. Tudo foi consertado no dia seguinte na bicicletaria, e o custo foi muitíssimo inferior a um conserto de automóvel.
Assim que chegamos (atrasados!) fiquei tímido e envergonhado, porém este sentimento durou apenas alguns segundos, já que todos foram extremamente receptivos e o clima era de grande animação. Me senti orgulhoso por ver tantos ciclistas na praça que frequentei desde minha infância, sinal de que o tempo das bicicletas chegou na cidade para ficar.
Mesmo tendo ficado feliz por nos esperarem, gostaria de sugerir uma tolerância menor de tempo daqui pra frente, ou então marcar a saída oficialmente como 20h30 mesmo. Dessa forma quem tem compromisso cedo no sábado não se sentirá desrespeitado (como eu sentiria se fosse comigo).
Além disso, em alguns momento havia pouca coesão da massa, ou seja, muito espaço entre nós! Tanto que algumas vezes foi possível para um carro que iria converter à direita se enfiar no meio da bicicletada, o que me pareceu meio perigoso. Uma maneira de evitar isso é adotar uma velocidade menor no pelotão da frente, ou incentivar a retaguarda a acelerar.
De resto, foi maravilhoso! Poucas vezes me emocionei tanto nos meios 5000 anos de vida de múmia. A sensação de fazer parte de algo maior e importante para a qualidade de vida na cidade é indescritível. Quem estiver em dúvida entre ir ou não, aconselho que vá, pois não sabe o que está perdendo.
Muito obrigado a todos que participaram. Com certeza foi muito importante para que eu use mais a bike no dia-a-dia. Abraços de múmia.

 Foto da Bicicletada (O Fa está de vermelho)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ar de Superioridade.

A maioria das pessoas parece ter sempre a pretensão de serem mais evoluídas que as outras, superiores.
Olhar arrogante, erguer o queixo, empinar o traseiro, estufar o peito, andar rápido como se a todo instante tivesse um compromisso muito importante.
E é na Grande Avenida, na avenida mãe da Cidade, que se encontram mais e mais pessoas assim... A todo instante sem parar, o dia todo, todo dia.
São 19 horas de uma sexta-feira e tudo ocorre exatamente como sempre, exatamente como todo dia. Mulheres e homens engravatados com “ar de superioridade” seguem o caminho de casa sem olhar pra trás, cada um com sua vida, seus pensamentos, suas preocupações.
Todos com pressa!
Pressa de correr e continuar suas vidas ensandecidas pela vontade de ser/parecer superior e ninguém aproveitando a vista, ninguém olhando ao redor!
Enquanto isso, eu com meu sapatinho sem salto ando confortavelmente observando toda a cena, respirando o ar não muito bom, andando pela calçada plana e sem buracos, calma, lenta, porém ritmadamente, sem perder um movimento sequer, registro tudo na minha memória e sorrio, porque o dia acabou, a noite chegou e o outro dia é sábado de descanso.
E ainda me pergunto, quem aqui nesta cidade precisa desse “ar de superioridade”? Eu é que não! Vou aproveitar a vista e a paisagem ao invés de me preocupar em mostrar uma coisa que não sou.
Penso na minha vida brevemente, na minha pequena existência e fico feliz, sabendo que há milhares de coisas pra aproveitar, milhares de coisas pra olhar.
Pois eu consigo aproveitar este momento. Entro no metrô aproveitando tudo, cada gesto, cada olhar, cada golpe de ar. E eu aproveito com calma o último dia da semana, pra na segunda sorver tudo novamente e conseguir respirar.


Av. Paulista - From: Google Imagens